quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Simone faz show impecável e leva fãs ao delírio

Dias antes de Simone vir ao Recife, em abril do ano passado, para realizar a gravação do DVD “Em Boa Companhia”, ela fez um show em Aracaju, capital do Sergipe, que não lhe satisfez por completo. Nada relativo ao público ou problemas de ordem técnica: ela simplesmente achava que o show ainda não estava redondo o suficiente para ser registrado. Então fez pequenas mudanças na ordem do repertório, respirou mais confiante e entregou ao público, naquela época, um show extremamente refinado, em pleno diálogo com o ótimo álbum “Na Veia”.

A apresentação que a cantora baiana realizou no último sábado, para um Teatro Guararapes mais uma vez lotado para prestigiá-la, comprovou que o tempo contribuiu para que ela se tornasse mais segura com esse show. Essa segurança, porém, custou um distanciamento maior do repertório do “Na Veia”, que em tese baseia o show, em nome de hits de maior impacto. O público, claro, agradeceu.

Plasticamente, tudo estava igual: o belo cenário, o figurino e a clara assinatura da direção luxuosa de José Possi Neto. Mas já na primeira música, “Tô Que Tô”, vemos que Simone está mais leve. Na época da gravação do DVD, certamente pela pressão natural que circunda um registro ao vivo, a cantora estava mais técnica. Dessa vez, Recife conferiu a plena e fascinante vitalidade de Simone que, aos 61 anos, vence o palco da forma mais jovial possível. Canta, dança, rebola, ajoelha. É sexy e elegante como poucas da sua geração. A resposta disso estava clara na plateia, principalmente num fã mais efusivo que, além de gritar elogios, imitava, mesmo sentado, a performance de Simone.

Dentro do bloco do que já era esperado para o show, a cantora dominou com suas versões empolgantes dos sambas “Ive Brussel” e “Deixa Eu Te Amar”. O tema amor, que guia o repertório do “Em Boa Companhia”, surgiu em sua melhor forma com “Nada Por Mim”, “Fullgás”, “Certas Coisas” e “Face a Face”, essa última um ícone do repertório clássico de Simone, que não dosa na carga dramática dada à interpretação. Nada comparado, porém, à execução de “Alma”, canção que surgiu como uma surpresa no repertório e terminou sendo aplaudida de pé, tamanha a força da sua versão ao vivo.

Outra boa surpresa a presença de “Começar de Novo”, um dos seus maiores sucessos. Simone ainda abriu espaço para recriar as já mais que recriadas “Dia Branco” (Geraldo Azevedo), “Encontros e Despedidas” (Milton Nascimento) e “O que é, o que é” (Gonzaguinha). Nada que acrescentasse ao show, mas que deu ao público o conforto que só aqueles velhos conhecidos trazem. Motivo suficiente para abrir o sorriso, deixar a compostura de lado e confessar “ah, tão bom te ver”. Uma boa companhia é assim, afinal.

Fonte: Folha PE
Segunda, 22 Agosto 2011 02h01

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