domingo, 31 de julho de 2011

Entrevista/Simone, cantora

Romântica até para escolher parcerias
Por BRUNO CALIXTO


Simone mostra com quantas composições se faz uma releitura bem-sucedida

Na crítica de Mauro Ferreira, "Simone brilha feliz num de seus melhores espetáculos". Desde 2009 rodando o Brasil, a turnê "Boa companhia" procura chegar perto da perfeição. Afinal, são milhões de espectadores em todo o país querendo mais. De Marina Lima a Jorge Ben Jor, Simone sabe o modo como trafegar pelas nuances da música genuinamente verde e amarela, como ela pretende mostrar em Juiz de Fora hoje, em show no Cine-Theatro Central. "Para o disco 'Na veia', que deu origem a esta minha turnê, liguei para todos os compositores que me enviaram canções, ou até mesmo os encontrei, e disse: é um trabalho feliz, para cima, que fala do amor de todos os seus jeitos e suas formas", anuncia, deixando no ar que o romantismo ainda é um dos assuntos mais recorrentes em sua discografia.

Dirigido por José Possi Neto, o show também terá como enfoque a mulher, "o sujeito principal das canções, que expõe livremente seus desejos, seduz, põe fim à relação e também anseia por liberdade". Na opinião do diretor - que dividiu o roteiro com Simone -, tanto as composições quanto a interpretação precisa e sutil conferem uma abordagem contemporânea e atual ao tema mais recorrente no cancioneiro brasileiro. "'Em boa companhia' ilustra o prazer de Simone em se relacionar com o público, afinal, ela é uma artista talhada para o palco e, hoje, está amadurecida."

Desta forma, estarão presentes músicas como "Certas noites" (Adriana Calcanhotto e Dé Palmeira), "Love" (Paulo Padilha), "Migalhas" (Erasmo Carlos), o blues "Pagando pra ver" (Abel Silva e Nonato Luis) e a faixa-título "Na veia", de Martinho da Vila, compositor a quem Simone dedicou um disco inteiro na década de 90. Na cadência do samba, ela traz Paulinho da Viola em "Ame" ("esta canção é tudo que eu acho e acredito do amor", ela diz) e Agepê em "Deixa eu te amar", além de Rita Lee ("Perigosa"), misturando ainda Paula Toller e Herbert Vianna ("Nada por mim") e Sueli Costa e Cacaso ("Face a face").
Sob a direção musical de Julinho Teixeira (teclados e acordeom), Simone, em entrevista à Tribuna, garantiu que vem acompanhada dos violões de Rogério Lopes, do baixo de Fernando Souza, da bateria de Christiano Galvão, da percussão de André Siqueira e das guitarras de Sérgio Knust.

Tribuna - Seus shows no Teatro João Caetano, no Rio, estavam sempre lotados, mesmo em plena segunda-feira. A que atribui tanto sucesso?

- A uma história que construí com muito trabalho, seriedade e paixão. São décadas cultivando um público fiel, sempre ganhando novos fãs. Meus shows têm público de todas as idades, o que me dá a certeza de que continuo no caminho certo.

- Quais são os critérios para a escolha de boas companhias?

- Eu preciso estar acompanhada por pessoas que acreditam no mesmo que eu, que tenham amor pelo seu
trabalho. É preciso ter alegria e prazer para entrar no palco, que é um local sagrado, que merece nosso total respeito.

- O que te inspira? Ainda sente o quanto toca o coração das pessoas?

- O que me inspira é a vida, as boas coisas do mundo. Sempre cantei o amor, então posso dizer, sim, que sou uma cantora romântica, mas todo mundo é romântico, isso faz parte da história da humanidade. Neste show mesmo eu canto o amor, mas um amor feliz, maduro, bem resolvido. E percebo que as pessoas se emocionam, vibram junto comigo, então fico muito feliz de ainda poder chegar ao coração das pessoas.

- Após 38 anos de estrada, o que a levou a montar um trabalho pautado em releituras?

- Este show tem como base o disco "Na veia", que é feito basicamente de canções inéditas. Tem músicas novas de Erasmo, Adriana Calcanhotto, Martinho da Vila, Marcos Valle, entre tantos outros. Inclusive a música "Love", que está em "Insensato coração", é de um compositor ainda muito pouco conhecido, o Paulo Padilha.

- Então ampliou...

- Na hora de montar o show, precisamos aumentar esse repertório, então inclui algumas canções antigas e escolhi músicas lindas que nunca tinha gravado, como "Fullgás", da Marina Lima, e "Ive Brussel', do Jorge Ben Jor. O CD/DVD "Em boa companhia" é fruto dessa mistura.

- Está pensando em algo diferente para este ano? Planeja viajar mais para o exterior?

- Já viajei muito com esse show, fui para Portugal e República Dominicana, e devemos fazer outras viagens internacionais, além de ter cruzado o Brasil inteiro em uma turnê longa. Já estou começando a pensar no próximo projeto, mas ainda é segredo.

- Hoje, com a internet e a crise na vendagem de discos, como os bons intérpretes têm procurado alternativas para sobreviver?

- Cada vez mais as pessoas estão investindo em shows, porque nada pode substituir o prazer de ver seu artista ao vivo.

- Lembra-se da última vez que esteve em Juiz de Fora?

- São tantos shows pelo Brasil afora que fica impossível me lembrar de datas, mas o público de Juiz de Fora é sempre muito caloroso. É um povo alegre, feliz, que me prestigia ao longo de todos esses anos.

Fonte: Tribuna de Minas
          31 de Julho de 2011 - 07:00

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