terça-feira, 5 de novembro de 2013

Simone comemora em disso feminino Novo álbum marca 40 anos de carreira da cantora

Simone está de volta com um grande álbum. É melhor ser chega em tom feminino e cercado de expectativas. O disco, lançado pela Biscoito Fino, comemora informalmente - sem nenhuma menção a isso - os 40 anos de carreira da cantora. Com repertório selecionado em parceria com Zélia Duncan, o álbum tem produção dividida entre Bia Paes Leme e Leandro Braga, maestro que também assina os arranjos.
O disco idealizado por Simone tem suave tom feminino, centrado na obra de compositoras brasileiras. A própria cantora, compositora bissexta, assina duas músicas. A primeira uma vinheta curta mas de significado valioso, A propósito. Os quatro versos foram tirados de um bilhete escrito para Simone pela atriz Fernanda Montenegro, inaugurando uma inusitada parceria. A íntegra do bilhete vem reproduzida no encarte. Simone volta a assinar, agora em dobradinha com Zélia Duncan, o belíssimo bolero Só se for. Fechando a conta de inéditas, ganhou da grande Fátima Guedes Haicai, animado e irresistível baião romântico.
O roteiro desenhado por Simone passa por grandes sucessos. Como na bela releitura para Só nos resta viver, de Angela Ro Ro, Mutante, de Rita Lee e Roberto de Carvalho e a belíssima versão jazzy para Charme do mundo, de Marina Lima e Antonio Cícero. Mas também surpreende quando recupera em boa hora Descaminhos, de Joanna de Sarah Bechimol, busca a forte Mulher o suficiente, de Alzira Espíndola e Vera Lúcia Motta, e descobre Os medos, parceria de Joyce Moreno e Rodolfo Stroeter - que no entanto não alcança o brilho da interpretação original da autora.
Simone está em casa quando volta a gravar uma obra de Sueli Costa - compositora que tem na voz de Simone alguns de seus melhores momentos. No novo disco a escolhida foi a belíssima Vida de artista, com letra de Abel Silva. E também quando mergulha no universo do samba em Acreditar, de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho. O samba está mais pop em Aquele plano para me esquecer, de Adriana Calcanhotto, e mais tradicional em Trégua suspensa, parceria de Teresa Cristina e Lula Queiroga.
Mais suave que o anterior (Na veia, de 2009), É melhor ser faz par com grandes trabalhos de Simone, cantora de discografia irregular. Na ausência de uma indústria forte como era na década de 80, Simone navega solta mais comprometida com a sua arte do que com o mercado de música. Para felicidade de seu público fiel, com a certeza de que é melhor ser assim. Como disse Fernanda Montenegro, "Uma pessoa é o que sua voz é". E Simone sabe ser grande.

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