Alexandro Albornoz / ND
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Simone faz show impecável no Floripa Music Hall
Já havia passado uma hora e meia do término do show de Simone Bittencourt de Oliveira, ou simplesmente Simone, no último sábado (15) e a fila na porta do camarim ao lado esquerdo do palco do Floripa Music Hall continuava intacta, com fãs espremidos quase em bloco não cogitando a ideia de desistir até finalmente alguém da produção der o sinal verde para um “olá” e uma foto, tudo em 30 segundos, no máximo. A web designer Nara Lima, 49, contudo, conseguiu um pouco mais: cinco minutos, abraços, agradecimentos e a entrega de uma preciosa carta a pedido de uma amiga.
Ainda era adolescente, tinha 13 ou 14 anos de idade, quando a voz grave da cantora Simone penetrou seus ouvidos a primeira vez e a cativou pelo coração. A identificação com a música, a atitude, a personalidade da artista a acompanha desde então, como um amuleto inseparável. “Quando ganhei meu primeiro toca-discos, o primeiro disco a tocar foi o de Simone”, conta.
Loucuras pela cantora se perderam em contas, no entanto foram afixadas na memória como troféus, motivo de orgulho. “Já fui madrinha de um casamento que coincidiu com a data de uma apresentação dela. Tomei só um espumante e troquei a festa pelo show”, lembra. Ou ainda as tantas vezes que perdeu voos, ou encarou viagens longas a outros estados só para uma noite de Simone, ainda que bem longe do palco.
No show da cantora em Florianópolis, garantiu o ingresso para a pista, bem ao fundo da plateia da casa de espetáculos. Agarrada às grades que separava o público sentado às mesas, equilibrava-se vez ou outra nas pontas dos pés para fotografar de longe uma Simone enérgica, voraz, sensual e simpaticíssima.
Nara já poderia ter celebrado Bodas de Coral por seus mais de 35 anos de fidelidade à artista. LPs, fitas cassete, CDs, DVDs, posteres e fotografias, muitos shows ao longo dessa história de amor. Nara até cruzou estados para simplesmente vê-la e ouvi-la. “Nunca consegui entrar no camarim e conversar pessoalmente”, diz. Guarda com carinho uma fotografia que fez em um show em Porto Alegre, há alguns anos, que posteriormente viajou com ela para São Paulo, para outro show, e foi entregue nas mãos da irmã da cantora para ser autografada pela artista. A imagem enfeita uma das paredes da sala de sua casa.
Nara tem a expectativa de encontrá-la, dizer “olá, adoro seu trabalho”, e especialmente entregar uma carta em nome de uma amiga argentina, uma radialista de Córdoba apaixonada por música brasileira que comanda um programa de MPB na rádio local. O texto enche algumas páginas, foi enviado por e-mail e impresso por Nara, fala de detalhes de uma antiga entrevista concedida por Simone. Escrita em português, explica que aprendeu nosso idioma por causa da arte de Simone.
Alexandro Albornoz / ND
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Encontro inesquecível - Fã incondicional, Nara Lima realizou sonho de conversar com Simone
Simone faz show impecável
O show de Simone foi brilhante, não apenas pelas enormes cortinas de brilho que faziam o cenário e mudavam de cor a cada flash de luz, conforme a música, ou pelas calças e blusa brancas de um brilho terno. Mas Simone é consistente. Sabe o que fazer no palco, domina-o como uma amazonas e seu cavalo, dança, pula, abre os braços, flerta com o público e o provoca. No show, “Em boa Companhia”, do seu mais recente e contemporâneo trabalho que está em turnê pelo Brasil desde 2009, a cantora mostra sensualidade, alegria, paixão, exuberância – do alto de seus quase 62 anos. E a voz grave e afinadíssima de sempre. A maturidade e a experiência de tantos anos de carreira só a engrandecem: percebe a guitarra desafinada de um dos músicos da banda, pede um break para dar tempo ao guitarrista consertar a afinação, e canta sentada, na companhia somente dos teclados, a canção “Eu sei que viu te amar”, fazendo ainda uma linda declaração de amor a um fã cadeirante que estava na frente do palco.
Simone começou o show por volta de 23h30, e levantou o público até quase 1h30 da madrugada de domingo. Para Nara Lima, foi a primeira chance real de conhecer de perto sua artista preferida. Foram quase 90 minutos intermináveis de espera, entre empurrões na longa fila de fãs. Valeu a pena: já de calça jeans e blusa estampada, a cantora recebeu carinhosamente a fã, abraçou, beijou, ouviu sua história, a carta, e agradeceu, de coração. Cinco minutos mágicos e eternos para Nara. “Vou dormir nas nuvens essa noite”, suspirou.